sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

RESSACA


A maioria das pessoas que está lendo esse post já provou o doce sabor  da ressaca. Aliás, o doce sabor, as adoráveis dores, o delicioso enjôo, a querida sensibilidae à luz... A verdade é que os sintomas variam entre as pessoas e que podem mesmo não ocorrer sempre, nem com todo mundo. Para algumas pessoas é infalível, basta beber alguns drinques e esperar pelo dia seguinte. Outras são atacadas pela ressaca apenas de vez em quando. E há também os que, embora bebam com freqüência, passam incólumes por essa verdadeira expiação. O objetivo aqui é explicar o que acontece com o seu corpo no “day after”.
O coitado do fígado....
Basicamente o órgão que mais trabalha para metabolizar o álcóol é o fígado, que tem que produzir enzimas para absorver o etanol. E é quando a concentração de álcool é praticamente inexistente no corpo que o pesadelo começa. O etanol acaba e as enzimas para digerí-lo continuam ativas, gerando um desequilíbrio e uma espécie de depressão no metabolismo, e o sistema nervoso, que também foi acelerado, tem uma reação parecida. O resultado é uma queda da força muscular, dor de cabeça, enjôo, diarréia, sensibilidade à luz e um cansaço enorme.

                     Quando o álcool é processado por nosso fígado, ele é quebrado em duas fases, por duas enzimas distintas: a primeira, álcool desidrogenase, que converte o álcool num acetaldeído extremamente tóxico, chamado formaldeído; a segunda, aldeído desidrogenase, finalmente converte o acetaldeído num inofensivo acetato. Outro fator que pode provocar o “ligeiro” e familiar mal estar também pode ser explicado se a primeira enzima estiver trabalhando mais rápido que a segunda. Em altas concentrações, o acetaldeído é capaz de produzir efeitos tóxicos adversos como taquicardia, sudorese, náusea e vômito. Como essas enzimas se comportam uma em relação à outra é basicamente uma questão de fisiologismo pessoal.
                    Na ressaca, há mudanças fisiológicas significativas em parâmetros endócrinos: aumento nas concentrações de vasopressina (hormônio antidiurético), aldosterona (regula o equilíbrio de sódio e potássio no sangue) e renina (regula o fluxo de sangue nos glomérulos renais), além de acidose metabólica (redução do pH do sangue devido ao aumento de lactato, corpos cetônicos e ácidos graxos livres). Estes efeitos são também relacionados com a desidratação, podendo causar sintomas como boca seca e sede.       
O álcool aumenta as concentrações de algumas citocinas (agentes secretados por células imunológicas), que seriam potenciais responsáveis pelos efeitos mais “cognitivos” da ressaca, como perda de memória e alterações de humor. A diminuição da memória na ressaca estaria relacionada à ativação do sistema imunológico, que se comunica diferencialmente com o sistema nervoso central (SNC). Os efeitos causados por citocinas são muito semelhantes a diversos sintomas da ressaca, como dor de cabeça, náusea, diarréia e cansaço, sugerindo que os processos subjacentes poderiam ser os mesmos. Outros estudos verificaram uma relação entre os níveis de citocinas e transtornos da memória em seres humanos.

As bebidas alcoólicas contêm diversos congêneres, que são compostos quimicamente relacionados ao álcool, produzidos durante a fermentação alcoólica ou adicionados durante o processo de produção da bebida, incluindo o metanol, aminas, amidas, cetonas, polifenóis e outras substâncias que dão sabor e cor às bebidas alcoólicas. Esses congêneres podem exercer diversos efeitos no organismo, sendo os efeitos tóxicos considerados potenciais causadores de alguns sintomas da ressaca.
Entenda como o seu corpo responde quando você enche a cara:

Dor de cabeça:Por desidratar o corpo, o etanol diminui a coagulação do sangue e desacelera o fluxo sanguíneo no cérebro. Por causa disso, os vasos sanguíneos se dilatam, causando dor de cabeça.
Fotossensibilidade: A irritação dos olhos à luz acontece pelo fato de o seu sistema nervoso já estar bastante debilitado e em "depressão" por conta da intoxicação do álcool. "A retina, que é um prolongamento do nervo ótico, fica mais excitada e se irrita com maior facilidade" afirma o oftalmologista Pedro Carriconco da USP.
Sede: O  etanol tem alto poder diurético, ele leva os rins a produzirem muita urina. Já que vamos muitas vezes ao banheiro, perdemos uma grande quantidade de água, e vamos desidratando. A desidratação chega aos tecios e às mucosas fazedo com que o corpo CLA-ME por água.
Enjôo e diarréia: O álcool aumenta a produção de sucos gástricos e de secreções intestinais - e irrita a parede do estômago provocando, provocando gastrite alcoólica, queimação e diarréia. E às vezes o mal estar pode ser tão forte que a gente chega a vomitar né? "Bebidas mais fortes causam estrago maior", diz o médico Jacob Faintuch, da USP.
Dores no corpo: No processo de desidratação que a cachaça deflagra, perdemos também alguns sais minerais que são muito importantes para o bom funcionamento e estrutura das fibras musculares. Sem eles os músculos ficam mais sensíveis e sucsetíveis à dor.   
...E, para finalizar, como não poderia faltar, algumas diquinhas para evitar a dita cuja e uma listinha publicada pelo jornal médico BMJ com a ordem das bebidas que provocam a maior ressaca,da mais leve à mais pesada:

- Aumente a tolerância fazendo o álcool entrar mais lentamente na corrente sangüínea. A melhor forma de fazer isso é comer, antes e enquanto estiver bebendo. Falando na velocidade de absorção é bom lembrar que bebidas destiladas (cachaça, rum, uísque, conhaque, gim, vodka, Steinheger...) entram na corrente sanguínea mais rápido que fermentadas (cerveja, champagne, vinho...)- outros fatores relacionados à velocidade de absorção do álcool podem ser encontrados no post anterior do blog, que fala sobre o caminho do etanol, uma vez no nosso corpo.
- Quanto mais água, melhor. Antes, durante e depois de beber. A água dilui o álcool e reduz as chances de intoxicação. Facilita o trabalho do fígado e dos rins, que eliminam mais rapidamente os resíduos tóxicos do organismo. E também é bom lembrar que o consumo excessivo pode provocar desidratação, então a água será bem vinda pelo seu corpo!

-Tomar café no dia seguinte pode ajudar a reduzir a dor-de-cabeça, MAS pode causar alguma irritação no estômago.
- Evite bebidas borbulhantes e doces. O gás carbônico, presente em algumas bebidas, acelera a absorção do álcool, e bebidas doces enganam seu discernimento sobre o quanto você bebeu.
-Existem pesquisas que afirmam que a ressaca provocada por bebidas escuras são mais sofríveis que por bebidas claras.

-Essa é para o caso de você não ter seguido nenhuma das dicas a cima, ou tenha exagerado MESMO no dia anterior: Em primeiro lugar, não se deve exigir demais do organismo, que já está estressado. Se possível, faça só o que o corpo pede. Fique em casa, no silêncio e no escuro, descansando. E tome muito líquido: água e sucos de frutas para repor as vitaminas e os sais minerais perdidos na batalha contra o álcool. Comida, só se sentir fome. Dê preferência a alimentos leves na primeira refeição. E se sentir vontade de vomitar, vomite. E rápido.
  • 1º – Etanol puro – Não beba mesmo assim.
  • 2º – Vodka – A bebida dos profissionais.
  • 3º – Gin – A escolha dos amargurados.
  • 4º – Vinho branco – Sempre presente primeiro nos lançamentos de livros.
  • 5º – Whisky – Causa dupla-personalidade quando bebido em excesso.
  • 6º – Rum – Yarrr! Minha cabeça!
  • 7º – Vinho Tinto – A bebida que você exagera antes mesmo de estar torto.
  • 8º – Brandy – Mais fácil te oferecerem etanol puro em uma festa do que isso.
Referências bibliográficas:
            http://andre.sasse.com/figado.htm
 Feito por: Mariana Ribeiro de Freitas
  

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